MENTORIAL: GRUPO DE PAIS COMO ESPAÇO ALTERNATIVO AO ACOLHIMENTO, DEBATE E INFORMAÇÃO ÀS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO

Mentorial: group of parents as an alternative space for listening, debating and informing families of highly able/gifted childrenworkshop

Eliane Regina Titon 
Maricléa Aparecida da Silva 
Myrla Chela Magalhães de Oliveira Ishi 
Paula Mitsuyo Yamasaki Sakaguti 

Baixar artigo

DOI:https://doi.org/10.56231/rbAHSD.114851

RESUMO 

O presente artigo trata de uma proposta de trabalho para a oferta de suporte ao desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional de estudantes com altas habilidades/superdotação (AH/SD) a partir da intervenção junto às famílias. A necessidade deste trabalho surgiu das ideias propostas pela educação como direito de todos, da Constituição Federal e das diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), estabelecidas pelo governo brasileiro, entre 1988 e 2008, respectivamente. A escassez da oferta do atendimento educacional especializado-AEE para os estudantes com AH/SD da rede privada de ensino, bem como a quase inexistência de orientação às suas famílias, foi o disparador para a formação do Grupo Teórico-Vivencial e de Mentoria para Pais. Assim sendo, o presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência desenvolvida junto ao grupo de pais de crianças/estudantes com AH/SD acompanhados pelo Mentorial – Programa de Incentivo à Maximização do Potencial Superior, na cidade de Curitiba/Paraná. O primeiro Grupo Teórico-Vivencial e de Mentoria aconteceu em 2017, tendo oito encontros presenciais onde foram abordados temas relacionados às AH/SD. Tais discussões propiciaram o conhecimento e fortaleceram a compreensão sobre os direitos, as características e necessidades específicas das pessoas com AH/SD, público-alvo da Educação Especial. O trabalho foi planejado, conduzido e avaliado por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogas, pedagogas, psicopedagogas e professoras especialistas na área. Os resultados obtidos por meio da participação e depoimentos dos pais qualificam a proposta, que considerou para o desenvolvimento das atividades, a família como primeiro aporte emocional e interacional do ser humano. Pela trajetória do trabalho realizado no Grupo Teórico-Vivencial e de Mentoria concluiu-se que é de extrema relevância abrir espaço para que a família possa ser ouvida, acolhida, informada e orientada a respeito das altas habilidades/superdotação, sendo que tal condição deve ser estendida a seus respectivos filhos.

 

Palavras-chave: Altas Habilidades/Superdotação. Família. Rede de Apoio.



ABSTRACT 

The article presents a work proposal intended to offer support to the cognitive and affective-emotional development of children/students with high abilities/giftedness (HA/GT) based on the intervention with their families. The need of this work has arisen from the ideas proposed by the right of education for all in the 1988 National Constitution, and the guidelines of the 2008 National Special Education Policy under the Perspective of Inclusive Education (PNEEPEI), settled by the brazilian government. The lack of specialized educational services for AH/GT students in the private schools, as well as almost inexistent guiding and information to their families was the trigger of the Theoretical-Experiential and Mentoring Group for Parents. Thus, this work aims at reporting the experiences developed by the group of AH/GT children/students followed up by Mentorial – Programa de Incentivo a Maximização do Potencial Superior, in Curitiba city, Paraná state, Brazil. The first group was developed in 2017, including eight meetings when topics related to HA/GT were approached. Such discussions provided knowledge and strengthened the understanding of rights, specific characteristics and needs of HA/GT persons, target of the Special Education. The work was planned, conducted and evaluated by a multidisciplinary team including psychologists, pedagogues, psychopedagogues and specialized teachers. The results obtained from parents’ participation and statements qualify the proposal, which has considered family as the primary emotional and interactional contribution for human beings. Due to the path of the work developed by the Theoretical-Experiential and Mentoring Group, the conclusions lead to consider the extreme relevance of opening spaces to listen, inform and guide families on high abilities/giftedness, as we as extend this to their children. 

Keywords: High Abilities/Giftedness. Family. Supporting

 

REFERÊNCIAS

ANTIPOFF, H. A Educação do Bem-Dotado. Coletânea de Obras Escritas de Helena Antipoff, vol.v. Rio de Janeiro: SENAI, 1992.

ASPESI, C. de C. Processos familiares relacionados ao desenvolvimento de comportamentos de superdotação em crianças de idade pré-escolar. 190 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade de Brasília (UnB), Brasília, 2003.

ALENCAR, E. M. L. S. Psicologia e educação do superdotado. São Paulo: EPU, 1986.

ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2.ed. São Paulo: EPU, 2001.

BRASIL, Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Marcos Políticos e Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2010.

CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: alguns aspectos para reflexão. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre, RS: Mediação, 2006, p. 64-74.

CHAGAS, J. F. Adolescentes talentosos: características individuais e familiares.2008. 242 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, 2008.

CHAGAS, J. F. As características socioemocionais do indivíduo talentoso e a importância do desenvolvimento de habilidades sociais. In: VIRGOLIM, A. M. R.; KONKIEW ITZ, E. C. (Org.). Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade. Campinas, SP: Papirus, 2014. p. 283-308.

CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien: Unesco, 1990.

DELOU, C. M. C. Educação do aluno com altas habilidades/superdotação: legislação e políticas educacionais para a inclusão. In: FLEITH, D. S. (Org.). A Construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação. v. 1. Orientação a Professores. Ministério da Educação – MEC, Secretaria de Educação Especial, Brasília, DF, 2007, p. 27-39.

DELOU, C. M. C. O Atendimento Educacional Especializado para alunos com altas habilidades/Superdotação no Ensino Superior: Possibilidades e Desafios. In: MOREIRA, Laura Ceretta; STOLTZ, Tania (Orgs.). Altas habilidades/superdotação, talento, dotação e educação. Curitiba: Juruá, 2012. p. 143-153.  

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.

FREEMAN, J.; GUENTHER, Z. C. Educando os mais capazes: ideias e ações comprovadas. São Paulo: EPU, 2000.

GAMA, M. C. S. S. Parceria entre Família e Escola. In: FLEITH, D. de S. (Org.) A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação. v.3 O aluno e a família. Ministério da Educação – MEC, Secretaria de Educação Especial, Brasília, DF, 2007. p. 61-73.

GARDNER, Howard. Estrutura da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

GUENTHER, Z. C. Quem são os alunos dotados? Reconhecer dotação e talento na escola. In: MOREIRA, L. C.; STOLTZ, T. (Orgs.). Altas habilidades/superdotação, talento, dotação e educação. Curitiba: Juruá, 2012. p. 63-83. 

JANUZZI, G.D.M. Marcas da Educação Especial na História.In: MENDES, E. G; ALMEIDA, M. A. Educação Especial Inclusiva: Legados Históricos e Perspectivas Futuras. São Carlos: Marquezine & Manzini: ABPEE, 2015.

KARAGIANNIS, A.; STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Fundamentos do Ensino Inclusivo. In: STAINBACK, S.; STAINBACK, W (Org.). Inclusão: guia para educadores. Trad: Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed,1999.

LANDAU, E. A coragem de ser superdotado. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. 

MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

NOVAES, M. H. Paradoxos contemporâneos. Rio de Janeiro: E-papers, 2008.

Desenvolvimento psicológico do superdotado. São Paulo: Atlas, 1979.

OLIVEIRA, M. A.; NAKANO, T. C. Revisão de pesquisas sobre criatividade e resiliência. Temas em Psicologia, v. 19, n. 2, p. 467-479, 2011. 

PÉREZ, S. G. P. B. E que nome daremos à criança? In: MOREIRA, L. C.; STOLTZ, T. (Orgs.). Altas Habilidades/Superdotação, Talento, Dotação e Educação. Curitiba: Juruá: 2012, p. 45-61.

PÉREZ, S. G. P. B.; FREITAS, S. N. Políticas públicas para as Altas Habilidades/Superdotação: incluir ainda é preciso. Revista Educação Especial, Santa Maria, v.27, n.50, p.627-640, set./dez. 2014. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/issue/view/832>. Acesso em: 6 set.  2018.

RECH, A. J. D. A organização do Atendimento Educacional Especializado para o aluno com Altas Habilidades/Superdotação. In: PAVÃO, A. C. O; PAVÃO, S. M. O.; NEGRINI, T. (Org.). Atendimento Educacional Especializado para as Altas Habilidades/Superdotação. FACOS-UFSM, 2018, p.159-184.

RENZULLI, J. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Trad. Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. Revista Educação, Porto Alegre, v. 1, n. 52, p. 76-131, jan.-abr. 2004. 

. A concepção de superdotação no modelo dos três anéis: um modelo de desenvolvimento para a promoção da produtividade criativa. In: VIRGOLIM, A. M. R.; KO NKIEW ITZ, E. C. (Org.). Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade. Campinas, SP: Papirus, 2014. p. 219-264.

. Reexaminando o papel da educação para superdotados e o

desenvolvimento de talentos para o Século XXI: uma abordagem teórica em quatro

partes. In: VIRGOLIM, A. M. R.; (Org.). Altas habilidades/superdotação: processos

criativos, afetivos e desenvolvimento de potenciais. Curitiba, Juruá, 2018. p. 19-42.

SABATELLA, M. L. Talento e superdotação: problema ou solução. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2008.

SAKAGUTI, P. M. Y. Concepções de pais sobre as altas habilidades/superdotação dos filhos inseridos em atendimento educacional especializado. 2010, 131 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2010.

SOLOW, R. Parents ́ conceptions of giftedness. Gifted Child Today. v. 24, n. 2, p. 14-22, 2001. 

TRANCOSO, B. S. Percepção de alunos superdotados acerca das relações entre desenvolvimento socioemocional e desempenho acadêmico. 2011, 220 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2011.

UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.

VIRGOLIM, A. M. R. Vivendo com intensidade e sensibilidade: um olhar para o mundo emocional da criança superdotada, na visão de K. Dabrowski. In: VIRGOLIM, A. M. R. (Org.). Altas Habilidades/Superdotação: processos criativos, afetivos e desenvolvimento de potenciais. Curitiba: Juruá, 2018, p. 41-66.

WEBB, J. T.; GORE, J. J.; AMEND, E. R.; DEVRIES, A. R. A parent’s guide to gifted children. Scottsdale: Great Potential Press, 2007. 

WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.